domingo, 29 de julho de 2012

Adulteza Emprecoçada Nordestinense - Autor Dymas Cyryllo




Adulteza Emprecoçada Nordestinense

Eis uma Vida marvada e acidentada
De uma pobre roceira tirando lenha
Toda esmulanbada Infiado na brenha
Numa mata afiada de Jurema preta
Sobejo social a margem na sarjeta
Escravidão infantil motivo de revolta
Com uma foicita ela bate na galha  e solta
Agoniza gritando com o corte que tomou
Sangrando nervosa pede a  nosso senhor
Que lhe tire a vida deixando ela morta;

Na latada de taipa ferve a panela
No fogão de barro Borbulha o feijão
Flandre escuro queimado com carvão
Uma jarra com crote no pé da janela
Uma rede balançando vigia uma cadela
Fiel companheira aguarda Maria
Sente sua chegada,  salta com alegria
O seu sobrenome  é fulana, Beltrana deLourde
Estruma Xôlinha comida de grude
Que late fazendo, estrepulia;

Espia a caatinga toda acinzentada
Torrada pelo sol ,monocromia de cor
Parece que só a cigarra sobrou
  Que canta sozinha uma nota agourada
Seu canto é um sinal de seca anunciada
Enfadonho e triste é seu zunido
Montada em galhos, galhos desnutridos
Coitada também não aguenta a demora
Se falassem diziam: vem  chuva agora
Atende o meu canto ,enxerga meu pedido;

A flora agoniza com escoliose nas galhas
Favelas , urtigas Catingueiras e pereiros
Croatás ,Xique-xiques , mandacarus e facheiros
Ameaças pros roceiros  iguais a navalha
Em lombo de jegue  Montado em cangalhas
Tange os  jericos , brutos esprivitados
Sapeca lhe o pau por ser mau criado
Costumes de uma gente , pobre semi morta
Que o sofrimento não mais lhe importa
E o seu consolo é o seu roçado;

Morta de cansada chega da caatinga
Com a boca seca empriquitado de fome
Perfil masculinizado parecido com homem
Derruba as varas ,  sua jornada  finda
Toma uma talagada , um gole de pinga
Olha pra panela sem ter o que comer
Puxa do seu bisaco  um pobre sariguê
Conhecido no sertão, por furão ou caçaco
É o único pedaço de  carne no prato
Que vai degustar com muito prazer;

Na cama de vara debulha  o rosário
Reza ave maria antes de adormecer
Já se conformou com o triste, sofrido ,  sofrer
Purga os pecados sua vida é um calvário
Jogada a sorte , ao léu ,  sem salário
Pela fé se apega, rezando  oração
Se vira , se mexe num surrado colchão
Com cheiro de mijo forte  no capim
Escrevo a você tin tin por tin tin
Detalhes vividos do meu sertão;

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