Adulteza
Emprecoçada Nordestinense
Eis uma Vida marvada e acidentada
De uma pobre roceira tirando lenha
Toda esmulanbada Infiado na brenha
Numa mata afiada de Jurema preta
Sobejo social a margem na sarjeta
Escravidão infantil motivo de revolta
Com uma foicita ela bate na galha
e solta
Agoniza gritando com o corte que tomou
Sangrando nervosa pede a nosso senhor
Que lhe tire a vida deixando ela morta;
Na latada de taipa ferve a panela
No fogão de barro Borbulha o feijão
Flandre escuro queimado com carvão
Uma jarra com crote no pé da janela
Uma rede balançando vigia uma cadela
Fiel companheira aguarda Maria
Sente sua chegada, salta
com alegria
O seu sobrenome é fulana, Beltrana deLourde
Estruma Xôlinha comida de grude
Que late fazendo, estrepulia;
Espia a caatinga toda acinzentada
Torrada pelo sol ,monocromia de cor
Parece que só a cigarra sobrou
Que canta sozinha uma nota agourada
Seu canto é um sinal de seca anunciada
Enfadonho e triste é seu zunido
Montada em galhos, galhos desnutridos
Coitada também não aguenta a demora
Se falassem diziam: vem chuva agora
Atende o meu canto ,enxerga meu pedido;
A flora agoniza com escoliose nas
galhas
Favelas , urtigas Catingueiras e
pereiros
Croatás ,Xique-xiques , mandacarus e
facheiros
Ameaças pros roceiros iguais a navalha
Em lombo de jegue Montado em cangalhas
Tange os jericos , brutos esprivitados
Sapeca lhe o pau por ser mau criado
Costumes de uma gente , pobre semi
morta
Que o sofrimento não mais lhe importa
E o seu consolo é o seu roçado;
Morta de cansada chega da caatinga
Com a boca seca empriquitado de fome
Perfil masculinizado parecido com homem
Derruba as varas , sua jornada
finda
Toma uma talagada , um gole de pinga
Olha pra panela sem ter o que comer
Puxa do seu bisaco um
pobre sariguê
Conhecido no sertão, por furão ou
caçaco
É o único pedaço de carne no prato
Que vai degustar com muito prazer;
Na cama de vara debulha o rosário
Reza ave maria antes de adormecer
Já se conformou com o triste, sofrido , sofrer
Purga os pecados sua vida é um calvário
Jogada a sorte , ao léu , sem salário
Pela fé se apega, rezando oração
Se vira , se mexe num surrado colchão
Com cheiro de mijo forte no capim
Escrevo a você tin tin por tin tin
Detalhes vividos do meu sertão;
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