terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Pretérito das Eleições - Jornal Besta Fubana

O PRETÉRITO DAS ELEIÇÕES

 
A suruba ideológica dos partidos
Qualquer pessoa com um mínimo de inteligência e bom senso, deve estar boquiaberta com as parvoíces que lê-ouve-assiste nas mais diversas mídias sobre posições e “costuras” políticas que estão se formando e desfazendo com a aproximação e/ou principalmente passadas das eleições. É muito freqüente – e até mesmo histórico, em ano eleitoral que haja uma verdadeira dança das cadeiras, mas com os conceitos mais rígidos que os partidos assumiram em relação à dita “fidelidade partidária” (!?), nossos políticos resolveram a situação de maneira bem tupiniquim, continuam (ou não) no mesmo partido, mas se dão o direito da apoiar ou não aqueles que lhes convém particularmente – e de forma muito desabrida; sem se ater à escolha definida em convenções pelo conjunto dos seus integrantes, ou correligionários – não gosto muito deste último verbete, por me remeter à religião, e o Estado deve, em principio, ser laico.
Nem imagino qual seja o conceito que tais políticos façam da tal fidelidade partidária, mas em meu parco e exógeno entender, um partido é formado por pessoas que tem propostas e ideologias em comum para alcançar um BEM MAIOR para o povo. Donde fidelidade partidária deveria ser: fidelidade ás idéias e propostas que este conjunto de pessoas pactuou como sendo comum a todos… Ou será que não!?
Em recente reunião (2010 ainda é recente) com um grupo político da cidade (Cabo Frio-RJ) nos foi apresentada como pré-candidata à Assembléia Legislativa, a atual vice-prefeita (perdeu a eleição e voltou para seu cargo) que com justa razão abandonou seus infiéis (ex) aliados, para se manter fiel ao povo que a elegeu. A frase de Delma Jardim (vice-prefeita de Cabo Frio) que marcou aquela noite foi: “Estou no caso incomum de torcer contra mim mesma, para o bem do povo”. Chegamos, eu e um amigo, a comentar que a frase foi dita de uma maneira tão leve, e sem arroubos discursivos, que nos dava a impressão que muita gente nem sequer havia percebido a importância da mesma, ou poderia ser até que nem ela mesma acreditasse e tenha sido somente uma frase de “efeito”.
Seja como for, no breu das tocas, ou no ar condicionado de gabinetes e corredores, nada é o que parece ser, e menos ainda o que é dito/escrito nos blogs e face books da vida. Costuram-se alianças e contra-alianças de todos os tipos no que – com o perdão dos meus respeitáveis leitores, decidi denominar de “SURUBA IDEOLÓGICA”. Não vou citar nomes porque a falta de algum deles poderá lhes dar a falsa impressão de absolvição. E no frigir dos ovos, ninguém é de ninguém e cada um é de todo mundo, e por aí vai. Ai que saudades dos Mamonas Assassinas!
O fato é que durante meus longos anos como eleitora – mesmo quando morei no exterior ia à embaixada do Brasil para votar sempre que possível – e apesar de o voto ser secreto nunca me furtei em declarar abertamente meu voto, caso me fosse perguntado. Dizia eu: “Votei em X !” Usando o PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO, que indica um ação no passado e acabada, e nas poucas eleições onde não pude exercer meu DIREITO de eleitora, declinei meu voto no PRETÉRITO FUTURO DO CONDICIONAL: “Votaria em X!” Tempo verbal que também indica uma ação pretendida e acabada no passado. Observem que nenhum destes tempos verbais dá margem ou sugere dúvida por parte do agente.
Estamos no ano eleitoral de 2012 e, como se não bastassem: uma Copa do Mundo e uma Olimpiada, que ninguém sabe ao certo como e se vão rolar; um projeto Ficha Suja (limpos são os eleitores) votado, mas que não sabemos se vai “colar”; CPIS; farras; uma comissão de ética no senado que para ser completamente surreal só falta o Maluf  (Collor e Renan já estão lá); Cachoeiras, Boi bons e Deltas; uma implosão financeira na Europa, com um ministro amanteigado que tem a pachorra de nos comunicar que nós estamos melhor do que os europeus por que temos muitos defeitos a corrigir (?)… Ele deve estar dizendo – penso eu – que os europeus são incorrigíveis, ou será que não?
Bem, ainda temos uma ou mais  eleições (ano sim ano não ou quase), que dependem diretamente – pelo menos em algumas cidades; destes “inventos” oportunistas, e indiretamente (em último caso) pode ser até que dependam do Obama ser ou não a favor do casamento gay, ou até mesmo da greve de fome de prisioneiros palestinos em Israel, ou das conseqüências catastróficas para a paz mundial pelo fato das fotos da uma atriz global terem sido publicadas num site pornográfico e que pasmem: deu origem a uma lei com o nome da dita cuja para punir crimes internauticos. Tá bom assim? Ou quer mais?
E todos estes fatores somados à supra mencionada “suruba ideológica” – que pode ser até decorrência da tal lista ficha suja ainda indefinida; fazem com que eu me veja na triste e inglória condição de ter que mudar minha forma de conjugação de alguns verbos, entre eles o verbo VOTAR. De agora não mais passo a conjugar: confiar, acreditar, saber, conhecer, votar (entre outros) no PRETÉRITO IMPERFEITO (o próprio nome já mostra a inconveniência do tempo verbal) DO INDICATIVO – que indica uma ação feita no passado, mas que não deve se repetir, ou que se duvida que se repita no presente imediato ou no futuro.
ENTÃO FICA ASSIM:
CONFIAVA (não confio mais), ACREDITAVA (não acredito mais), SABIA (mas estava enganada), CONHECIA (mas me fizeram de otária), VOTAVA (pode tirar o cavalinho da chuva). E como não tenho intenção de me abster, nem me ausentar, nas próximas eleições (2014, 2016, 2018..) pretendo usar meu “jus esperniandi” até obter meu PRETÉRITO PERFEITO de volta, para bem de todos e felicidade geral da nação. E principalmente para poupar meu pai-de-santo de ebós multiplos e pouco realizáveis. Haja orixá!

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