domingo, 9 de setembro de 2012

A Obrigação de Ser Cúmplice - Autor Cícero Cavalcanti

A OBRIGAÇÃO DE SER CÚMPLICE - Crédito do Blog TERCEIRA VISÃO ; CÍCERO CAVALCANTI

A única prova robusta que eu tenho sobre ser ou não ser uma cavalgadura, jumento ou cavalo, é o meu cocô. Se eu fosse um dessas duas espécies eu conseguiria digerir com facilidade os caroços de milho que eu adoro comer. Em não sendo, basta obrar pra vê-los íntegros e amarelinhos no barro que eu despejo privada adentro.
Quisera ser. Assim tudo seria mais fácil. Um par de viseiras me deixaria olhando apenas para a frente, sem me assustar ou importar com absolutamente nadica de nada que estivesse acontecendo ao meu derredor. Nada de preocupações com corrupção, nem com o insuspeitável sistema único de saúde que, diga-se de passagem, é uma das maravilhas do mundo moderno, de acordo com outro jumento, que quis até exporta-lo para os zistados zunidos.
Eu carregaria minha carga,- tão natural a todos os brasileiros – de impostos, descontos e outros massacres, na mais total indiferença e sem me importar em saber o porquê de ser obrigado a fazer isso. E o pior: sem dar a mínima importância para as chicotadas diárias da violência desmedida, das balas perdidas que já me levaram um sobrinho, da roubalheira de minhas contas de energia e telefone, e outras e muitas outras pungas às quais somos submetidos.
Mas como não sou uma cavalgadura, eu me revolto. E com razão. Tudo é feito com a autorização de milhões de brasileiros que, não importando a quem, entregam seus votinhos de mão beijada, para os cafajestes futuros, e os ladravazes costumeiros.
Não há quem escape. De um lado, o povo obrigado a passar a procuração pelo voto,  devidamente assinada e passada por cartórios eleitorais, para que tudo seja feito em seu nome. O que, sem dúvida, transforma milhões de brasileiros em cúmplices dessa roubalheira deslavada. Do outro lado os outros, os votados e  referidos ladrões do erário, que vão para os seus “malfeitos” ou roubos ou pungas, com a consciência tranquila de que ficarão milionários com a nossa aquiescência.
Portanto senhoras e senhores, não se preocupem em escolher este ou aquele candidato. Aliás digo mais: votem nos bandidos. E nos piores. Isso, além de livrar de decepções a nossa pobre cabecinha já maltratada pelas insanidades municipais, estaduais e federais, pode evitar de jogar no mundo da bandidagem, aquele amigo honesto e bem intencionado. Com certeza e após ser diplomado com título de vereador ou prefeito, arará de vira um lobo, uma raposa ou um ronquefuça, para poder sobreviver no meio da desonestidade e do merdeiro.
E isso é fatal. E provado por uma frases antigas: conte-me com quem andas e te direi quem és. Ou ainda: quem anda com porcos, lavagem come.
É que a missão do eleitor termina exatamente no momento em que aquela não muito confiável urna eletrônica escreve “ fim” na tela. E é o fim mesmo. A partir daí nada mais pode ser feito. A partir daí estaremos isolados. A partir daí todos estaremos sujeitos a tudo o que vier dos intestinos superiores. Todas as merdas, todas as cagadas e andadas por cima das nossas cabeças.
E o seu candidato, seja este, aquele ou aqueloutro, honesto ou safado, não terá importância nenhuma. Se for um honesto inflexível, será jogado às traças e colocado na marginalidade do processo. Gente honesta corre sérios riscos no meio da bandidagem. Até da própria vida.
Se for um mal-intencionado vai nadar de braçadas no mar de lama e sair com as burras cheias, de qualquer mandato.
Só existe uma solução. Renovação total. Não votar em ninguém que participa ou já participou do poder.
Caso contrário o eleitor vai continuar fazendo o papel da cavalgadura, besta, cavalo ou jumento, carregando  cargas,  para encher o cofre daqueles que já não têm a mínima vergonha de aparecer diariamente como ladrões por toda a mídia. E devidamente autorizados. E por nós mesmos.
Voto obrigatório. Que merda!

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