Na coluna de hoje, publicamos o restante do poema O Verdadeiro ABC dos cornos, de Zé da Galha e trechos do impagável folheto “Porque faz medo casar”, de Alceu Cabral de Vasconcelos, concluindo a postagem iniciada em 03 de janeiro de 2012.
Confiram:
…)
O Verdadeiro ABC dos cornos, de Zé da Galha, também é muito interessante:
Corri o dicionário
Descambei pela gramática
Procurando inspiração
Sem jamais mudar de tática
Desprezando tema morno
Resolvi falar de corno
Embora não tenha prática.
Descambei pela gramática
Procurando inspiração
Sem jamais mudar de tática
Desprezando tema morno
Resolvi falar de corno
Embora não tenha prática.
E vendo que o alfabeto
Possui vinte três sinais
Afora pontos e vírgulas
Das classes gramaticais
Descrevo para você
Neste singelo ABC
Os problemas conjugais:
Possui vinte três sinais
Afora pontos e vírgulas
Das classes gramaticais
Descrevo para você
Neste singelo ABC
Os problemas conjugais:
(A) – A pior coisa do mundo
É amar sem ser amado
Diz Waldick Soriano
Compositor Inspirado
Ouvindo este seu lamento
Compreendi o sofrimento
De um corno apaixonado
É amar sem ser amado
Diz Waldick Soriano
Compositor Inspirado
Ouvindo este seu lamento
Compreendi o sofrimento
De um corno apaixonado
(B) – Bebendo de bar em bar
Cana, conhaque e cerveja
Com duas galhas no crânio
É dura a sua peleja
Foi traído por seu bem
São Cornélio diz amém
Os anjos dizem: Assim seja!
Cana, conhaque e cerveja
Com duas galhas no crânio
É dura a sua peleja
Foi traído por seu bem
São Cornélio diz amém
Os anjos dizem: Assim seja!
(C) - Corno é marca registrada
Um verdadeiro estropício
Ainda assim vê vantagem
Em ser corno e ter um vício
Diz em meio aos desenganos
Prefeito é só quatro anos
Corno é cargo vitalício!
Um verdadeiro estropício
Ainda assim vê vantagem
Em ser corno e ter um vício
Diz em meio aos desenganos
Prefeito é só quatro anos
Corno é cargo vitalício!
(D) – Demora a chegar em casa
Fazendo cera no bar
Enquanto o negão faz festa
Dentro do seu próprio lar
Este é o corno abelha
Merece um puxão de orelha
Pra poder se rebelar…
Fazendo cera no bar
Enquanto o negão faz festa
Dentro do seu próprio lar
Este é o corno abelha
Merece um puxão de orelha
Pra poder se rebelar…
(E) – E o que bota a mão no fogo
Dizendo: – Eu não me enrasco,
A mulher ficou em casa,
Fui ver o jogo do Vasco!
São Cornélio o consagrou
E um amigo o batizou
De corno manso churrasco.
Dizendo: – Eu não me enrasco,
A mulher ficou em casa,
Fui ver o jogo do Vasco!
São Cornélio o consagrou
E um amigo o batizou
De corno manso churrasco.
(F) - Feliz da vida é o corno
Que puxa, encolhe e repuxa
Teima e não larga a traíra
Finca o pé e estrebucha
Dizendo para os vizinhos
Eu não largo os meus baixinhos
Eis aí o corno Xuxa
Que puxa, encolhe e repuxa
Teima e não larga a traíra
Finca o pé e estrebucha
Dizendo para os vizinhos
Eu não largo os meus baixinhos
Eis aí o corno Xuxa
(G) – Galheiro é o chifrudo
Que além de corno é tapado
Além de tapado é lerdo
Além de lerdo, abestado
Corno assim não tem mister
Pra se vingar da mulher
Se transforma num veado
Que além de corno é tapado
Além de tapado é lerdo
Além de lerdo, abestado
Corno assim não tem mister
Pra se vingar da mulher
Se transforma num veado
(H) – Homem que é homem não chora
Diz o dito popular
Porém se levar um chifre
Não pode se controlar
A lágrima teima em correr
E não tendo o que fazer
O seu remédio é chorar
Diz o dito popular
Porém se levar um chifre
Não pode se controlar
A lágrima teima em correr
E não tendo o que fazer
O seu remédio é chorar
(I) – Interesseiro é o corno
Que só pensa no cifrão
Libera a sua mulher
Pra passear com o patrão
Pensando no cheque ouro
Ganha peruca de touro
Porém ganha o seu tostão.
Que só pensa no cifrão
Libera a sua mulher
Pra passear com o patrão
Pensando no cheque ouro
Ganha peruca de touro
Porém ganha o seu tostão.
(J) – Juramentado é o corno
Cujo destino é traçado
Antes mesmo de casar
Quando inda é namorado
Antes, durante e depois
Três chifres ao invés de dois
Este é o corno pré-datado.
Cujo destino é traçado
Antes mesmo de casar
Quando inda é namorado
Antes, durante e depois
Três chifres ao invés de dois
Este é o corno pré-datado.
(L) – Lamenta o corno chorão
Que a mulher o deixou só:
“ – Só resta um fio de cabelo
Grudado no paletó”
Vive a dita namorando
E o coitado escutando
Chitãozinho e Chororó.
Que a mulher o deixou só:
“ – Só resta um fio de cabelo
Grudado no paletó”
Vive a dita namorando
E o coitado escutando
Chitãozinho e Chororó.
(M) - Mulher também leva chifre
Mas ninguém lhe discrimina
Pois nesse mundo machista
O homem é quem domina
E paga o preço da fama
Porque se for ruim de cama
O chifre lhe contamina.
Mas ninguém lhe discrimina
Pois nesse mundo machista
O homem é quem domina
E paga o preço da fama
Porque se for ruim de cama
O chifre lhe contamina.
(N) – Narram os livros de história
Casos de chifre em seu texto
Até Euclides da Cunha
Se insere no contexto
Com dois chifres bem vistosos
E dentre os cornos famosos
Citam também Dom João Sexto
Casos de chifre em seu texto
Até Euclides da Cunha
Se insere no contexto
Com dois chifres bem vistosos
E dentre os cornos famosos
Citam também Dom João Sexto
(O) – Outro corno conhecido
Que se valeu do gatilho
Para lavar sua honra
Mas ofuscou o seu brilho
Foi um cantor consagrado
Que ainda hoje é lembrado
Um tal Lindomar Castilho.
Que se valeu do gatilho
Para lavar sua honra
Mas ofuscou o seu brilho
Foi um cantor consagrado
Que ainda hoje é lembrado
Um tal Lindomar Castilho.
(P) – Portanto caros leitores
Sem dar motivo ou razão
Qualquer um está sujeito
A ganhar o medalhão
Dessa grande confraria
Que aumenta a cada dia
Na cidade e no sertão.
Sem dar motivo ou razão
Qualquer um está sujeito
A ganhar o medalhão
Dessa grande confraria
Que aumenta a cada dia
Na cidade e no sertão.
(Q) – Quando o cara é garanhão
Pensa que está sossegado
Mas se a mulher for tarada
Pode furar o cercado
E a partir desse dia
Lhe bota na confraria
Fica sendo o Rei do Gado.
Pensa que está sossegado
Mas se a mulher for tarada
Pode furar o cercado
E a partir desse dia
Lhe bota na confraria
Fica sendo o Rei do Gado.
(R) – Rei do Gado, mói-de-chifre,
Cornélio, Zé das Medalhas
Cornim, Peruca de Touro
São apelidos canalhas
Que ninguém deseja ter
Porém gosta de dizer
Com o pobre que tem galhas.
Cornélio, Zé das Medalhas
Cornim, Peruca de Touro
São apelidos canalhas
Que ninguém deseja ter
Porém gosta de dizer
Com o pobre que tem galhas.
(S) – Se o cara for tranqüilo
E levar na putaria
O apelido não pega
E acaba a sua agonia
Porém se for esquentado
Pra sempre será taxado
Não terá paz um só dia.
E levar na putaria
O apelido não pega
E acaba a sua agonia
Porém se for esquentado
Pra sempre será taxado
Não terá paz um só dia.
(T) – Troglodita é o sujeito
Que maltrata a sua amada
E pensa que a mulher
Merece chute e porrada
O homem assim desse jeito
Se levar chifre é bem feito
A galha é bem empregada.
Que maltrata a sua amada
E pensa que a mulher
Merece chute e porrada
O homem assim desse jeito
Se levar chifre é bem feito
A galha é bem empregada.
(U) – Um sujeito que não cumpre
Com suas obrigações
Deixa a mulher passar fome
E ainda diz palavrões
Não tem do que reclamar
Está sujeito a ganhar
Par de chifre e medalhões.
Com suas obrigações
Deixa a mulher passar fome
E ainda diz palavrões
Não tem do que reclamar
Está sujeito a ganhar
Par de chifre e medalhões.
(V) – Vai também ganhar um par
Deste ornamento cruel
O sujeito que é legal
Direito e muito fiel
Bom, submisso e ameno…
Tudo demais é veneno,
Nem sempre é lua de mel.
Deste ornamento cruel
O sujeito que é legal
Direito e muito fiel
Bom, submisso e ameno…
Tudo demais é veneno,
Nem sempre é lua de mel.
(X) – Xarope pra curar chifre
Inda não foi inventado
Serrote não adianta
Chifre de corno é blindado
Mas é como dentadura
De início causa tortura
Depois deixa acostumado.
Inda não foi inventado
Serrote não adianta
Chifre de corno é blindado
Mas é como dentadura
De início causa tortura
Depois deixa acostumado.
(Z) – Zé da Galha é um corninho
Que me ditou esse enredo
Eu deixo ele assinar só
Meu nome fica em segredo
Que o assunto é pegajoso
O chifre é contagioso
Só de falar tenho medo.
Que me ditou esse enredo
Eu deixo ele assinar só
Meu nome fica em segredo
Que o assunto é pegajoso
O chifre é contagioso
Só de falar tenho medo.
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