quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pra dar um Samba de Pau nos Safados Engravatados - Autor : Edmilson Garcia


UM MOTE BEM ATUAL

Edmílson Garcia glosando o mote:
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Estou selecionando
Uns cabras bons de pancada
Pra na hora apropriada
Dar um jeito nesse bando
Maguila já está treinando
Taisson e Popó,”contratados!”
Eu e você, “bem treinados”
Vamos juntos dar um grau
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Chamei Zezim de Dodó
Chico de Zé Cabeção
Toim de João Maranhão
E Severino Cabrobó
Joquinha de Caicó
E Pedrão de aAogados
Todos eles são malvados
Só vivem fazendo o mal
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Fretei um boeing e voei
Direto para o nordeste
Lotei de cabras–da-peste
Dia seguinte, voltei
Mas antes eu avisei
Pra todos, virem armados
Deixei eles, avisados
Que a intensão principal
É dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Com um cabra do sertão
Já é o suficiente
Não precisa muita gente
Parecendo um batalhão
Se eu chamar “Zé do Facão”
Ele ajeita esses safados
Uns bofetes caprichados
Até que não ia mal…
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Se eu fosse o presidente
Ou mesmo um governador
Como administrador
Faria o povo contente.
Mandando um contingente
Com mais de dez mil soldados
Ir em todos os estados
Com uma ordem federal
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Vou fazer um movimento
Do Oiapoque ao Chuí
Já vou começar daqui
Pra ter maior chamamento
Através d’um documento
Todos vão ser avisados
Quero vocês empenhados
À nível nacional
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Acabei de contratar
Mão Dura e Chico Zangado
Peso Bruto e Zé Malvado
João do Chute e Quebra Mar
Nem vou me preocupar
Eles são acostumados
Pra bater são estressados
E com instinto animal
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Quem leva dinheiro em “meia”
Em cueca e em sacola
Pra mim foge da bitola
É mania muito feia
Tem que mandar pra a cadeia
Manter todos enjaulados
Amarrar esses safados
Sem-vergonha e sem moral
E dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Vou buscar um cabra ruim
La no meio do sertão
Malvado igual Lampião
Que não goste de pantim
Que sofra de “farnezim”
Que tenha muitos pecados
Com os nervos agitados
E c’uma força brutal
Pra dar um samba de pau
Nos ladrões engravatados
Já encontrei o sujeito
Que eu estava procurando
Ele faz parte d`um bando
Que leva tudo no peito
Tem u`a cara de “suspeito”
É daqueles desalmados.
Raça dos agalegados
Vermelho igual colorau
Bom pra dar samba de pau
Nos ladrões engravatados.

Exorcismo a José Serra - Autor : Dymas Cyryllo




Zé Serra parece uma alma penada
Seu rosto retrata o vampirismo
Espírito moribundo digno de exorcismo
De tanta derrota está amarelada
No processo de perda ele é carta marcada
Pra todos virou motivo de chacota
Os chargistas o comparam com uma marmota
E outros o chamam de agouro , pé frio
Pois quando ver o PT sente calafrio
Fica igual a avião fora de rota;

Perdeu para LULA a presidência
Com Dilma Roussef ele amarelou
Diante de Haddad ele cagaçou
A idade já mostra sinais de demência
Sua teimosia  não é persistência
No pleito de agora virou realismo
Hoje é ícone do fatalismo
Já devia estar aposentado
Escolhendo no dia , dia de finado
Retrato fiel do vampirismo...



A Voz da Verdade e a Verdade tem Voz - Autor : Dymas Cyryllo


Rede de Saneamento Midiático
Autor: Dymas Cyryllo




Tem dono de rádio que é uma draga
Que quando se expressa é infeliz
Ser “Voz da Verdade” é ele que diz
Quando abre sua boca ele peida e caga
A ética afunda e a moral naufraga
Pelas ondas do radio a se propagar
Sua voz estupra a concha auricular
Diz ele que fala pro rico e pra plebe
Quando ele se expressa seu hálito fede
Pela inconveniência do se expressar;

Sua nota vocal é uma porta sem óleo
É o barulho estridente do carro de boi
É o som de um morto que já se foi
É uma moto sem o cano de escape
É um badalo de chocalho que bate, bate
É uma musica com nota subtonada
É uma rabeca com corda desafinada
É um galo goguento escorrendo o bico
É um urinol chamado pinico
É um sanitário com cheiro de privada;

Doutor Halitose o Fecalista do Direito - Autor : Dymas Cyryllo


Dr. Halitose O Fecalista do Direito
Autor: Dymas Cyryllo

Tem advogado que é lacto purga
Que só relaxa prisão, prisão de ventre
Mentiras são peidos que soltam pra gente
Habeas corpus laxantes pra flatulência
Factoides jurídicos tiram a paciência
Ele é nexo causal recheado de humor
A causa é o próprio o falso doutor
O nexo é o povo pra quem ele mente
Estelionata tanto que o cu não sente
Quando abre a boca exala fedor;

Seu arroto é MANDADO do seu intestino
Tramitando no sistema digestório
O suspiro oral tem cheiro de velório
Que Pelo estomago gases vão subindo
O nariz do colega é quem fica sentindo
O cheiro de metano intestinado
Das tripas eclode um peido empanzinado
Halitose maldita que o cliente traga
Quando o doutor abre a boca fede ou caga
Dando a sensação do cocô ter vazado;

A proximidade a ele é condição insegura
Sua boca é janela com cheiro acocôzado
Seu bafo pelo “cu de cima” é defenestrado
O barulho do arroto é deselegante
O nexo causal é um vil flagrante
Que coloca o nariz em periclitação
Contágio venéreo via olfatação
Suspiro bundal oriundo da boca
Que faz o cheirante usar de lenço a touca
Merecendo o PEIDANTE apodrecer na prisão...



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nota de Falecimento de Blogs Locais - Autor : Dymas Cyryllo





Blogs daqui depois do pleito morreram
Em razão de pregarem tanta mentira
Com textos fuleiros disseminaram ira
Mais a maioria lhes esqueceram
Jogaram na privada as noticias que leram
Porque viram que os bobos fizeram encenação
Usaram pretexto pra população
Mas perderam a pose , status e a fama
E hoje na NET vivem um drama
Desacreditados e mortos sem motivação;

Pregaram a queda do prefeito atual
Tentaram emplacar uma enganação
Um candidato insosso sem projeção
Opinaram errado acerca da capital
 Uniram-se a porcos de um lamaçal
Desafetos de outrora de vida escusa
Suscitaram pedófilo que de criança abusa
Quiseram no pleito ser protagonista
Caíram de quatro a perder de vista
Por terem deixado muita gente confusa...


José Serra Sete Quedas - Autor : Dymas Cyryllo


Nocaute nas Urnas; Haddad x Serra
(Autor: Dymas Cyryllo)

A democracia no mundo sofre mutação
A isonomia dos sexos gozam de igualdade
Globalizados os seres ficam em paridade
Paradigmas quebrados sofrem renovação
Só não mudam os loucos, eis a questão
E os mortos porque sua vida se encerra
Retroceder ao passado a vida emperra
O masoquismo político nos faz sofrer
Muitos Tomés pagaram pra ver
A surra que Haddad deu em Zé Serra;

Um torneiro mecânico deixou de herança
Um legado da imagem  pra governar
Aliado a ele o cabra pode ganhar
Mesmo mentindo com muita pujança
Independente se faz ou não a  lambança
Pro povo ser LULA é o que menos erra
Retroceder ao passado a vida emperra
O masoquismo político nos faz sofrer
Milhares de Tomés pagaram pra ver
A surra que Haddad deu em Zé Serra;

A Situação Fez Barba , Cabelo e Bigode - Autor : Dymas


A Situação Fez Barba, Cabelo e Bigode
Autor: Dymas Cyryllo

A oposição da cidade foi fulminada
Sentinelas fracassados perderam seu posto
O seu líder, o rei, morto deposto
Abortado nas urnas teve vida findada
Com estratégia medíocre abestalhada
Foram abatidos feitos cabra e bode
Ainda atônitos a cabeça sacodem
E a oposição mostrou muita alegria
Pelos resultados que há muito tempo não viam
Pois fizeram barba, cabelo e bigode;

Apelaram até pro mundo do além
Cartomante, vidente e macumbeiro
Pra mestre Russan, rezador, raizeiro
Fizeram despacho com galinha e xerém
Bico de cancão, pena de tem-tem
Garrafada de arruda, comigo ninguém pode
Cabelo de sovaco e mijo de bode
Conhecido a aqui por pai de chiqueiro
Mas o povo lhe deu um chute certeiro
Fazendo barba, cabelo e bigode...


  


domingo, 28 de outubro de 2012

Cada Pais Tem Um Zé Dirceu que merece -

CADA PAÍS TEM O ZÉ QUE MERECE

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi foi condenado nesta sexta-feira, 26, a quatro anos de prisão por fraude tributária e teve os direitos políticos cassados por cinco anos.
A cassação dos direitos políticos praticamente exclui Berlusconi, de 76 anos, dos cargos públicos na Itália.
* * *
A Itália, tanto quanto o Brasil, é um país livre, com uma democracia plena, estável, ampla liberdade de opinião e de imprensa e com todas as instituições funcionando (bem ou mal…).
Aqui, Zé Dirceu vai perder a liberdade. Lá na Itália, Berlusconi perdeu os direitos políticos.
No Brasil, Zé Dirceu disse que vai se declarar “prisioneiro político“.
Já Berlusconi, em declaração do JBF, disse que vai se declarar “condenado putalítico“.

Nelson Pelegrino Fraco que só Caldo de Bola de Gude - Autor : Dymas Cyryllo





Pelegrino é fraco que só caldo de “chimbra”
Agora no pleito ficou provado
Mesmo tendo LULA e DILMA a seu lado
Perdeu pro pupilo ACM Neto
Moicano do "carlismo" seu desafeto
Que feito Fênix surge de forma honrosa
Pra cuidar de Salvador cidade suja e sebosa
Que João Henrique Fracote a abandonou
Fazendo um mandato borocoxô
Quem sabe agora fica cheirosa;

Quando o candidato é ruim não tem milagre
Nem tampouco santo que dê jeito
Relembra aqui a eleição pra prefeito
Onde um grupo fez muita alarde
Atacou  xingando de forma covarde
Mas o barco fuleiro aqui naufragou
Com seus aliados ele afundou
Lembrando o fraco Nelson Pelegrino
O Soteropolitano agora está sorrindo
Elegendo o melhor para Salvador...




José Serra Apanha que só Couro de Zabumba - Autor : Dymas Cyryllo




José Serra é igual a couro de zabumba
Cada pleito perdido ele padece
Agora Haddad antes Dilma Roussef
De tanto apanhar está ficando corcunda
Crescendo a barriga e murchando sua bunda
As pernas ficando deveras afinada
A careca aumentando e ficando pelada
A cada pleito perdido ele leva uma pisa
Perdeu a vergonha e tem a cara lisa
Igual ao daqui levando LAPADA;

Seu carma principal é o PT
Basta fazer uma reflexão
Com LULA também foi decepção
Competiu com o torneiro e veio perder
Ele é feito TOMÉ que paga pra ver
De tanto apanhar está ficando corcunda
Crescendo a barriga e murchando sua bunda
A cada pleito perdido ele leva uma pisa
Perdeu a vergonha e tem a cara lisa
Cada dia que passa sua cerreira afunda...


Uma Sentença dada Por Um JUIZ FEDERAL EM VERSO E PROSA - Autor Marcos Mairton , Poeta Meritíssimo da Cidade de Quixadá no Ceará




martelo_juiz
Tenho recebido muitos pedidos para publicar em MundoCordel meu cordel “A Sentença”, resultado de uma sentença que proferi em fevereiro de 2002. Achei que deveria trazer também para o JBF, junto com os comentários que constam do meu livro “Uma sentença, uma aventura e uma vergonha”.
A SENTENÇA
Este cordel trata de um caso real. A sentença realmente foi prolatada em versos e está nos autos do processo, nos arquivos da Justiça Federal do Ceará. Também foi publicada no número 69 da Revista da AJUFE.
Depois houve um concurso de poesia de cordel promovido pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR, do qual podiam participar professores e alunos, e cujo tema era a Justiça. Tudo o que fiz foi incluir a introdução, feita nas cinco primeiras estrofes e descaracterizar os nomes das partes envolvidas, ou seja, o acusado e sua falecida esposa. O título adotado naquela ocasião foi: O CASO DO MARIDO QUE FOI ACUSADO DE ESTELIONATO PORQUE A MULHER, QUE ESTAVA COM CÂNCER, COMPROU UMA CASA E UM APARTAMENTO FINANCIADOS PARA QUE O SEGURO PAGASSE A DÍVIDA QUANDO ELA MORRESSE. Fiquei em segundo lugar, o que me serviu de grande incentivo.
Em setembro de 2005, recebi um telefonema do Desembargador Federal Carreira Alvim, Vice-Presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região e Presidente do Instituto de Pesquisa e Estudos Jurídicos – IPEJ – me pedindo autorização para por a sentença original no site do IPEJ, descaracterizando apenas os nomes das partes. Fiquei surpreso com os comentários elogiosos do Desembargador Federal Carreira Alvim, que classificou a sentença como perfeita na forma e no conteúdo, especialmente por esses comentários terem partido de alguém bastante ocupado, conhecedor da matéria e a quem eu não conhecia pessoalmente.
Em janeiro de 2006, foi publicada pela Lira Nordestina, em Juazeiro do Norte, a primeira edição do folheto com o título: A SENTENÇA.
Na versão a seguir, é importante observar que há números entre colchetes no final de alguns versos. Esses números são notas explicativas, as quais constaram da sentença original, e estão reproduzidas no final da poesia.

A vida como juiz
Nos dá muita experiência.
Aparece cada caso
Que desafia a ciência.
Nunca dá para prever
O que pode acontecer
Numa sala de audiência.
Se um caso parece simples,
Talvez seja complicado.
Quem parece inocente
Às vezes é o mais culpado.
Quem é mocinho ou bandido?
Quem vai ser absolvido?
Quem deve ser condenado?
Dos casos que até hoje
Tive o dever de julgar
Houve um que não esqueço
E que agora vou contar:
Foi numa ação criminal
Na Justiça Federal
Desta terra de Alencar.
Era o caso de um rapaz
Que estava sendo acusado
De ser estelionatário
Por sua mulher ter comprado
Casa e apartamento
Mas com seu falecimento
Ele é que foi premiado.
O caso interessante
Despertou minha atenção.
Meu coração de poeta
Encheu-se de inspiração.
Em cordel fiz a sentença
Que trago agora à presença
De toda a população:
PROCESSO: xxxxx
CLASSE 07000 – AÇÃO CRIMINAL
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
RÉU: Fulano de Tal da Silva
PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE ESTELIONATO CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO HABITACIONAL. ART. 171, § 3° DO CP. PENA EM ABSTRATO. PRESCRIÇÃO EM DOZE ANOS. CRIME TENTADO. INÍCIO DA PRESCRIÇÃO A PARTIR DO ÚLTIMO ATO DE EXECUÇÃO. RECONHECIMENTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Vistos, etc.

1. RELATÓRIO

Trata o presente caso
De uma ação criminal
Movida neste Juízo
Buscando sanção penal
Para um ocorrido fato
Tido como estelionato
Pelo MP Federal.

Fulano de tal da  Silva
É o nome do acusado,
Profissão: eletricista,
Nesta domiciliado,
É viúvo, brasileiro,
E desse modo ligeiro,
Ei-lo aí qualificado.
Denúncia foi recebida
As folhas um, oito, três
Noventa e sete era o ano
Outubro era o mês
Vinte e três era o dia
Que a ação começaria.
Com o despacho que se fez.

Veio, porém, a Juízo,
O réu, antes de citado,
Na folha dois, zero, três
Formulou arrazoado
Dizendo que prescrevera
O crime – se ocorrera ¬
Do qual era acusado.

Disse que entre a conduta.
Como criminosa tida
E o dia em que a denúncia
Aqui fora recebida
Treze anos se passavam
E só doze lhe bastavam
Pra encerrar a partida.

Ouvido o douto parquet
Este fez oposição
Dizendo que o fato crime
Não teve consumação
Há tanto tempo passado
Sendo desarrazoado
Se falar em prescrição[1].

O MM. Juiz
Acatou o argumento
Que o MP Federal
Usou como fundamento
E colocou no papel
Que ao pedido do réu
Negava deferimento[2].
Feito isto foi marcada
Logo uma audiência
Para interrogar o réu[3]
Sendo-lhe dada ciência
Que iria ser processado
Depois seria julgado
Com Justiça e com Prudência.

Mas com aquele decisum
Não houve conformação
Recurso em sentido estrito
Do réu foi a reação[4]
Para ver modificada
A decisão prolatada
Negando-lhe a prescrição.
Vieram os autos conclusos
Pra que eu decida afinal
Se inverto a decisão
E dou ao feito um final
Ou mantenho o seu curso
Instruo logo o recurso
E mando pro Tribunal.

É o relatório. Decido.
2. FUNDAMENTAÇÃO
Ao apreciar o caso
Que ora é apresentado
Importa examinar
Com cautela e com cuidado
o termo inicial
Do prazo prescricional
Pela defesa alegado.
Nesse sentido, vejamos
o fato considerado
Como artificioso,
Ardiloso, simulado
Que o réu criou em sua mente
Buscando dolosamente
o beneficio almejado.
É fato que causa espanto
o que passo a descrever
Pois do que consta dos autos
o que ele intentou fazer
Foi obter quitação
De mútuos de habitação
Com seguro a receber.
Como modus operandi
Para o seu desiderato
A sua esposa, Maria[5]
Figurou em dois contratos
Usando financiamento
Comprou casa, apartamento
Porém omitindo um fato.
O fato omitido in casu
Era a saúde de Maria
Que, portadora de câncer,
Brevemente morreria
E através da sua morte
Na verdade seu consorte
Se beneficiaria.

É que Maria morrendo
Os seguros pagariam
Todo o saldo dos empréstimos
E as contas se quitariam
A casa, o apartamento
Após feito o pagamento
Pro marido ficariam[6].

Mas do que vejo dos autos
Esse plano não vingou
Porque a seguradora
Bem cedo desconfiou
Foi pondo dificuldade
E o fato é que, em verdade,
Os seguros não pagou.

As folhas cinqüenta e cinco
O BEC é que noticia
Sete anos que passaram
E ainda não havia
Sido providenciada
A cobertura esperada
Do que o seguro previa[7].

Também em favor da tese
Que não houve a conclusão
Da conduta criminosa
De que trata esta ação
Um feito judicial
Na Justiça Estadual
Está em tramitação.

Vejo às folhas 200
Um oficio a informar[8]
Que em uma Vara Cível
Aqui mesmo do lugar
o espólio de Maria
Litiga até hoje em dia
Com Allianz Ultramar.

Bem se sabe, pra que haja
Estelionato consumado
Impõe-se que o agente
Alcance o fim planejado
Pois como o tipo é descrito
Na norma em que está inscrito[9]
É crime de resultado.

Tendo, assim, convicção
De que o fato tratado
Como crime nestes autos
Foi simplesmente tentado
Retorno a minha atenção
Ao prazo da prescrição
E como ele é contado.

O transcurso de tal prazo
Em caso de tentativa
Expressamente é previsto
Em locução normativa
Diz a norma que começa
No mesmo dia que cessa
A atividade nociva.

A norma que ora cito
É de sabença geral
Bem no artigo cento e onze
Lá do Código Penal
o inciso é o segundo
Não é coisa do outro mundo
Só disciplina legal.

Sobre o tema MIRABETE
Dá a seguinte lição:
Que havendo tentativa
o prazo de prescrição
Começa mesmo de fato
No dia do último ato
De sua execução[10].

Partindo dessa premissa
Resta só verificar
Qual o ato executório
Feito em último lugar
Por parte do acusado
Pra ser beneficiado
Pela Allianz Ultramar.

Identificar tal ato
Não me traz qualquer tormento.
É claro que a tentativa
De ter locupletamento
Encerrou quando o acusado
Sentindo-se habilitado
Entregou o requerimento[11].

O mês em que ocorreu
o fato acima apontado:
Setembro de oitenta e quatro
Isso está bem comprovado[12]
Sendo um pouco inteligente
Isto é suficiente
Pra ser tudo calculado.

Daquele mês de setembro
Até o outro momento
Que formulada a denúncia
Deu-se o seu recebimento
Foram mais de treze anos
Não há como ter enganos,
Este é meu pensamento.

Assim, não se pode mais
Discutir a autoria.
A materialidade
Se, no caso, dolo havia,
Pois a prejudicial
Do prazo prescricional
Impede a pena tardia.

Tem, pois, razão a defesa
Quando alega prescrição
Não pode mais o Estado
Exercer a pretensão
De punir o acusado
E assim fundamentado
Exerço a retratação.

3. DISPOSITIVO

POSTO ISTO, julgo extinta
Toda punibilidade
Da conduta do acusado,
Cuja materialidade
Na denúncia está descrita,
Mas que hoje está prescrita,
Livre de penalidade.

Sem custas.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Expedientes de praxe.
Fortaleza, 07 de fevereiro de 2002.
Marcos MAIRTON da Silva
Juiz Federal Substituto da 11ª Vara.
* * *
[1] Às fls. 212 a douta Procuradora da República ressalta que o delito somente alcançaria consumação com o dano patrimonial representado, no caso sub examine, pela quitação do imóvel por parte da seguradora, e que o documento de fls. 102 apresentava evidente indicação de que até aquela data (29 de dezembro de 1992) não se havia consumado o delito.

[2] Fls. 213v.
[3] Interrogatório às fls. 216/217.
[4] Fls. 221.

[5] Maria de Tal.

[6] A cláusula décima segunda do contrato de fIs. 26/28 contém previsão de contratação de seguro com esse fim.

[7] A carta é enviada pelo BEC à Seguradora Allianz Ultramar, cobrando a cobertura das parcelas do contrato de Maria de Tal, a falecida esposa do acusado.

[8] O oficio é do próprio Juiz da 31ª. Vara Civel de Fortaleza, e dá conta de que, naquele Juízo, corre uma ação de cobrança do Espólio de Maria Tal contra Allianz Ultramar, sob o número 00.02.16071-4.
[9] Art. 171, e parágrafos, do Código Penal.

[10] MIRABETE, Júlio Fabrini, Código Penal Interpretado, Atlas, 1999, p. 601.

[11] Pleiteando a cobertura do seguro, obviamente.
[12] Conforme documentos de fls. 17, 19 e 21, dentre outros.

Os Cinco Sentidos :Por Marcos Mairton - Poeta e Juiz federal de Quixadá-CE


Com os meus cinco sentidos
Percebo a natureza
Boca, olhos e ouvidos
Pele e nariz na certeza
De captar o sabor
A beleza, o odor
A textura, a melodia
Das coisas que a cada dia
Eu encontro em minha vida,
E da mulher tão querida,
Que me enche de alegria.
O PALADAR
Existem muitos sabores
Pra agradar o paladar
Bebidas finas, licores,
Vinho tinto e caviar.
Mas nada tem o sabor
Dos beijos do meu amor
Quando vem e me abraça.
Com os braços me enlaça
Encosta seu corpo ao meu
E eu pergunto: quem sou eu
Pra merecer essa graça? 
A VISÃO
Fazendo a comparação
De onde há mais beleza
Na água, no ar, no chão,
Em toda a natureza
Nunca vi coisa tão bela
Como o sorriso dela
Da minha doce amada.
Ela vem tão delicada
E fala ao meu ouvido:
És meu príncipe querido
Eu quero ser tua fada.
A AUDIÇÃO
A música nos alcança
Por meio da audição
Pelos ouvidos avança
Pra chegar ao coração.
Mas o som que mais me agrada
É a voz da minha amada
Quando fala ao meu ouvido.
Cada sussurro ou gemido,
Cada agudo e cada grave
É uma nota suave
Me deixando embevecido.
O TATO
O tato é que nos revela
Na escuridão mais escura
Do veludo e da flanela
A maciez e a textura.
Mas não há tecido ou fio
Que possa ser mais macio
Que a pele da minha amada.
Fica comigo abraçada
Se transforma em cobertor
E o frio vira calor
No meio da madrugada.
O OLFATO
Num jardim com muitas flores
É grande a diversidade
De essências e odores
De toda variedade
Mas não existe uma flor
Com o cheiro do meu amor
Quando vem pra minha cama.
Vem falando que me ama
E me diz suavemente:
Tu és a centelha quente
Que acende a minha chama.

Um País Desenvolvido : Publicado por Luiz Berto em CONTOS, CRÔNICAS E CORDÉIS - Marcos Mairton




brasil6ml
Ouvi na Rádio Senado
Um político dizer
Que meu Brasil pode ser
Agora considerado
Um país classificado
Como tendo conseguido,
Afinal, ser promovido
A outra categoria.
O Brasil hoje seria
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Eu ouvi o que foi dito
Naquele pronunciamento,
Mas, já naquele momento,
Pensei: “Eu não acredito”.
E, mesmo agora, reflito
E novamente duvido
Que tenhamos atingido
Essa meta, finalmente,
De o Brasil ser, realmente,
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Pois, enquanto eu encontrar,
Nas ruas por onde ando,
Crianças perambulando,
Nos sinais a mendigar,
A cheirar cola e roubar,
Não posso ser convencido
Que tenhamos conseguido
Um salto de qualidade
Que nos faça, de verdade,
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Enquanto eu, ao parar
Em frente ao sinal fechado,
Me sentir preocupado
Que alguém venha me assaltar,
E, mesmo em casa, no lar,
Me sentir desprotegido,
Não vejo qualquer sentido
Na conversa que se ouviu:
Que seja o nosso Brasil
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Enquanto o pobre tiver
Que sair de madrugada
Para poder ter marcada
Uma consulta qualquer,
E ainda assim puder
Voltar sem ser atendido,
Eu fico até constrangido
De afirmar e dar fé
Que o Brasil agora é
UM PAÍS DE DESENVOLVIDO.
Enquanto não for cassado
Quem recebe mensalão,
E houver corrupção
Na câmara ou no Senado,
Sem ninguém ser condenado
Por ser pego envolvido
Em esquema produzido
Nas entranhas do poder,
O Brasil não pode ser
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Onde há desenvolvimento
Corrupção não compensa
Juiz que vende sentença,
Também vai a julgamento
Tem punição a contento,
E castigo garantido.
Nesse Brasil, tão sofrido,
Precisa que isso aconteça
Pra que um dia ele pareça
UM PAÍS DESENVOLVIDO
Porque a corrupção
Em todo lugar existe.
O que faz o quadro triste
Que se vê nesta Nação,
É não haver punição
Para um tipo de bandido
Que é sempre protegido
Por dinheiro ou por poder,
E assim não podemos ser
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Mas nós não apontaremos
Nosso dedo, simplesmente,
Para a classe dirigente
Do país em que vivemos.
Como é que nós queremos
O problema resolvido,
Se temos contribuído,
Com conduta malfazeja,
Para que o Brasil não seja
UM PAÍS DESENVOLVIDO?
Você acaso imagina
Que, para não ser multado,
Chamar o guarda do lado,
E oferecer propina,
Não aumenta ou dissemina
O que é pra ser combatido?
Pois quem assim tem agido,
Não pode sequer dizer
Que quer ver o Brasil ser
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
Quem procura o tempo todo
Se dar bem, levar vantagem,
É chegado à malandragem
Tem atração por engodo;
Quem não age com denodo,
Vive em confusão metido,
Não pode estar imbuído
Do que antes se dizia:
De o Brasil ser, algum dia,
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
“Mas o PIB aumentou”,
- alguém disse, certo dia, -
“Veja nossa economia,
Como cresceu, melhorou”.
A pessoa que falou
Não deve ter percebido
Que, sem ser distribuído,
Um PIB grande e viril
Não fará deste Brasil
UM PAÍS DESENVOLVIDO.
E, para não terminar
Em tom muito pessimista,
Eu sugiro: Não desista.
Não deixe de acreditar.
Se cada um trabalhar,
Com o bem comprometido,
Não descarto, não duvido
Que esse quadro mudaremos
E um dia construiremos
UM BRASIL DESENVOLVIDO